Voz da base: o desabafo que representa muitos!

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Negociar não é bonito.

É desgastante, cansativo e, muitas vezes, ingrato. O patrão quer gastar menos, cortar direitos e testar até onde a categoria aguenta. O sindicato segura a pressão, enfrenta ameaças e arranca conquistas. Mas, no fim, todos recebem o resultado – inclusive quem nunca ajudou a sustentar a luta.

Essa é a realidade que revolta muitos sindicalizados.

Enquanto alguns pagam todo mês para manter a entidade de pé, outros passam o ano inteiro sem contribuir e, na hora do reajuste ou do PPR, estendem a mão para receber o mesmo benefício.

Um trabalhador da Sanepar com 43 anos de empresa e de sindicato falou, sem meias-palavras, o que muitos pensam e poucos têm coragem de dizer:

Em um desabafo em grupos de WhatsApp, o trabalhador foi direto ao presidente e desabafou, “Marcão (Marco Santana, presidente do Sindael), se eu duvidasse da tua índole e da tua honestidade, eu não faria parte desse sindicato. Eu sei que você é um cara bom e que está brigando. Eu não me incomodo de pagar contribuição, pago porque acredito. O sindicato já faz parte da minha vida.”

Em outro áudio, o trabalhador revelou o que mais o irrita: “O que me irrita é ver que, numa negociação, quem nunca ajudou paga igual a mim — ou até tenta pagar nada (cartas de oposição). Eu pago 12 prestações por ano para manter o sindicato. E o outro, que nunca deu um centavo, recebe o mesmo benefício que eu. Isso não é justo.”

Ele lembra de casos concretos que aumentam a indignação: “Teve gente que nem é sindicalizado, ainda faz cartinha para não descontar nada. E depois, com a cara mais lavada, recebe o mesmo aumento que eu. Enquanto eu ajudo a sustentar a luta, ele se aproveita dela.”

Todos os trabalhadores sabem que, sem recursos, não há sindicato. Sem sindicato, não há negociação. Sem negociação, não há direito que resista.

E a frase final do trabalhador deixa um sentimento que muitos outros também têm, de que “O negócio é lutar pelos nossos direitos e não pagar pelo lucro ou benefício dos outros. Quem não está com nós, está contra nós. E nós tamo junto.”

É preciso que os trabalhadores entendem de uma vez: ou você fortalece a entidade que te defende, ou se prepara para ver seus direitos sendo levados e surrupiados.

Apoiar o sindicato não é caridade, é sobrevivência.

A luta não é fácil, mas é a única que garante que a categoria não seja engolida pelo patrão.

Esclarecimento importante: sobre a carta de oposição, é preciso deixar claro que o sindicato não pode simplesmente impedir seu uso. Existe uma legislação que precisa ser cumprida, e o não cumprimento abre precedentes para ações judiciais. Na gestão anterior, por exemplo, o sindicato teve que arcar com um passivo de R$ 30 mil, retido diretamente na fonte, justamente por não seguir o que determina a lei.

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