Em reunião, Sindael alerta Sanepar sobre risco de ação judicial no PCCR

Na última segunda feira, dia 23, o Sindael se reuniu com a Sanepar para apresentação do parecer técnico do PCCR baseado em ampla enquete realizada com os trabalhadores, para cobrar providências urgentes quanto ao modelo atual do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração.

A empresa, pressionada pelas evidências de insatisfação e injustiças, reconheceu falhas no sistema de avaliação e comprometeu-se a rever os critérios e métodos atualmente aplicados.

Durante a reunião, o presidente do Sindael, Marco Santana, foi categórico ao afirmar que o modelo atual tem causado desmotivação, insegurança e sofrimento aos trabalhadores, especialmente na base operacional. Segundo ele, as avaliações têm se tornado um instrumento de opressão, desprovido de objetividade e conduzido de forma arbitrária. “A Sanepar admitiu que nossas reivindicações são coerentes e que haverá mudanças. Mas, se nada for feito nos próximos meses, o Sindael irá à Justiça. Temos dezenas de depoimentos que corroboram nossa tese, para acionar a empresa por assédio moral em diversos setores”, alertou.

O sindicato também não descarta ingressar com uma ação judicial para declarar a nulidade da atual rodada de avaliações do PCCR, considerando que o processo fere princípios básicos da legalidade, impessoalidade e transparência. Há relatos graves de que as atividades avaliadas não correspondem às atividades reais desenvolvidas pelos trabalhadores, e que os próprios formulários de avaliação não oferecem critérios claros nem coerentes com as funções exercidas.

Entre os principais pontos denunciados está a ausência de feedback entre avaliador e avaliado. Em diversas situações, os responsáveis pela avaliação simplesmente deixaram de realizar a conversa de retorno com os trabalhadores, sem qualquer justificativa. Isso compromete totalmente a legitimidade do processo, além de afetar diretamente a saúde mental dos profissionais, que se sentem julgados sem direito à defesa ou esclarecimento.

Outro problema grave está relacionado às competências comportamentais exigidas nas avaliações. Os trabalhadores afirmam não saber exatamente quais comportamentos estão sendo avaliados e, pior, desconhecem os motivos das notas que recebem, o que impede qualquer possibilidade de melhoria ou desenvolvimento profissional. Há casos em que a nota é reduzida sem explicação, afetando diretamente o padrão de desempenho individual e, consequentemente, a progressão na carreira.

A dirigente sindical Marisa Plath que também esteve na reunião relatou a desconexão entre o modelo de avaliação e a realidade da operação. Ela destacou que o plano está sem revisão desde 2022 e que os avaliadores aplicam formulários genéricos e desatualizados, muitas vezes alheios à rotina extenuante vivida por quem está nas bases. “Somos parte de uma cadeia de saúde pública, cada trabalhador é um elo fundamental. Avaliar apenas um como destaque e desconsiderar todos os demais é um absurdo que mina o espírito coletivo da nossa missão”, afirmou.

Marisa também questionou a lógica das perguntas aplicadas nas avaliações e chegou a indagar se estavam sendo utilizadas ferramentas automatizadas, como inteligência artificial, tamanha a falta de aderência com a realidade. “Eles não têm noção do que enfrentamos. Em alguns locais, precisamos literalmente reciclar materiais para cumprir com as obrigações legais. E ainda somos punidos por metas inatingíveis e critérios arbitrários, pois isso interfere diretamente nos valores recebidos do PPR”, completou.

Há denúncias consideradas graves que foram relatadas ao Sindicato envolvendo gestores, coordenadores da área industrial, onde trabalhadores relataram condutas afrontosas, humilhantes e sem conhecimento técnico correspondente a área industrial. Segundo o sindicato, essas situações não serão mais toleradas.

Se os compromissos assumidos pela Sanepar não forem cumpridos em breve, a entidade tomará todas as medidas cabíveis, inclusive na esfera judicial, para proteger os trabalhadores e restaurar a justiça nos processos de avaliação.

O sindicato defende a construção de um novo modelo de PCCR, com participação paritária dos trabalhadores, e que esteja em consonância com a realidade das atividades desenvolvidas na companhia, respeitando a dignidade e a saúde física e mental de todos os trabalhadores.

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