Sanepar 3T25: Lucro cai, mas PPR está seguro: Acumulado de 9 meses é +51,7%
A Sanepar, divulgou o balanço do terceiro trimestre de 2025 com números mistos, onde o aumento das vendas foi ofuscado por uma disparada de custos. O Lucro Líquido da empresa caiu 34,7%, somando R$ 246,4 milhões, o que refletiu forte impacto de gastos extras e provisões contábeis no período.
Receita em ritmo moderado: Mais clientes e conta mais cara
A empresa conseguiu aumentar sua Receita Líquida em 5,5%, atingindo R$ 1,8 bilhão.
Este crescimento foi resultado de:
- Revisão da Tarifa: O reajuste de 3,8% aplicado em maio de 2025 ajudou a elevar a arrecadação.
- Expansão: O volume de água vendida cresceu 1,2% e o de esgoto, 3,0%.
- Novas Ligações: A Sanepar ligou mais clientes à rede, especialmente nas regiões de Curitiba e Londrina, mostrando que a empresa continua crescendo “na ponta”.
O “Vilão”: Custos e despesas disparam 28,4%
O grande problema do trimestre foi a linha de Custos e Despesas Operacionais, que saltou 28,4%, chegando a R$ 1,4 bilhão e “engolindo” o crescimento da receita.
Essa explosão de custos foi causada por uma combinação de fatores:
- Projetos Novos (PPPs): O início das novas Parcerias Público-Privadas (PPPs) para esgoto, nas regiões Centro-Leste e Oeste do Paraná, exigiu mais gastos.
- Custos Pontuais (Provisões): A empresa precisou fazer grandes reservas de dinheiro (provisões) para cobrir despesas futuras, como a provisão de R$ 111,5 milhões para uma ação de desapropriação em Andirá.
- Serviços de Terceiros: Gastos com manutenção, faturamento e segurança subiram 16,9%.
A Sanepar afirma que boa parte dessas pressões nos custos é “não recorrente” (ou seja, não deve se repetir no próximo trimestre), o que sugere que a margem pode se recuperar para o último trimestre de 2025.
EBITDA: Queda e efeito “não recorrente”
O EBITDA (indicador que mostra o resultado operacional puro da empresa) foi de R$ 555,6 milhões, uma queda de 26,8%. A Margem EBITDA caiu de 44,4% para 30,8%.
No entanto, ao fazer um ajuste contábil, excluindo os grandes efeitos “não recorrentes” (provisões, PPPs e precatórios), a Sanepar calcula que seu EBITDA Recorrente seria de R$ 784 milhões, com uma Margem Ajustada de 43,5% — um nível bem mais próximo do que a empresa costuma entregar.
Dívida controlada
Um ponto de alívio no balanço é a saúde financeira:
- A Dívida Líquida caiu drasticamente para R$ 1,4 bilhão (era de R$ 4,78 bilhões no 3T24).
- A Alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA) está baixíssima, em apenas 0,5x (um nível muito confortável).
Essa melhora na dívida é atribuída, em parte, ao reconhecimento contábil dos precatórios (ganhos de ações judiciais antigas), que ajudaram a engordar o caixa.
Resumo dos Principais Indicadores
| Indicador | 3T25 | 3T24 | Variação |
| Receita Líquida | R$ 1,8 bilhão | R$ 1,7 bilhão | +5,5% |
| Lucro Líquido | R$ 246,4 milhões | R$ 377,5 milhões | -34,7% |
| EBITDA | R$ 555,6 milhões | R$ 758,5 milhões | -26,8% |
| Margem EBITDA | 30,8% | 44,4% | -13,6 p.p. |
| Custo e Despesas Operacionais | R$ 1,4 bilhão | Menor | +28,4% |
| Alavancagem (Dív. Líq./EBITDA) | 0,5x | 1,7x | Melhora Forte |
Impactos no PPR de 2025
A turbulência registrada no terceiro trimestre não deve ser vista com muitas preocupações, pois os indicadores acumulados e a natureza dos custos sinalizam uma recuperação que pode proteger o valor final do PPR.
Lucro acumulado e o 4T25
A queda do 3T25 não reflete o quadro geral do ano, o que alimenta o otimismo em relação ao PPR:
| Indicador | 9 Meses (9M25) | Expectativa para o 4T25 |
| Lucro Líquido Acumulado | Crescimento de +51,7% | Forte reversão, pois custos não recorrentes não devem se repetir. |
| Dívida/Saúde Financeira | Alavancagem baixíssima (0,5x) | Estabilidade garantida para honrar compromissos, incluindo o PPR. |
| Investimentos (Capex) | Crescimento de 37% | Continuação da expansão e foco nas metas do Marco Legal do Saneamento. |
A expectativa é que o 4T25 não repita os pesados ajustes contábeis do trimestre anterior. Se o resultado operacional voltar ao seu patamar normal (próximo ao EBITDA Ajustado), o trimestre será forte o suficiente para neutralizar o impacto negativo do 3T25 e garantir que o Lucro Acumulado Anual finalize em um patamar robusto.
A forte queda trimestral acende um alerta, mas a saúde da empresa no acumulado do ano (+51,7% de lucro) e a natureza pontual dos custos do 3T25 sugerem que a “fatia do bolo” para a distribuição do PPR será protegida, desde que o 4T25 confirme a volta à normalidade operacional.



