Sindael leva denúncias à Sanepar e cobra ações para melhorar saúde e segurança dos trabalhadores

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Em uma conversa marcada por firmeza, mas também por escuta e disposição ao diálogo, o Sindael se reuniu com representantes da Sanepar na manhã de ontem dia 03/04 para tratar de temas delicados: as condições de trabalho vividas por centenas de empregados da companhia.

O encontro, realizado com a presença do diretor da Sanepar, Fernando Guedes, e de Mário Pompeu, foi solicitado pelo sindicato e conduzido pelo presidente da entidade, Marco Santana, Marisa Plath e assessores do Sindael. Na conversa, vieram relatos preocupantes sobre a precariedade das estruturas físicas, riscos à saúde mental dos trabalhadores e episódios que colocam em xeque a liberdade sindical em algumas unidades.

“Estamos falando de gente. Gente que acorda cedo, que enfrenta plantões de madrugada, que garante que a água continue chegando nas casas. E essa gente está trabalhando em lugares com mato alto, sem iluminação, onde se encontram escorpiões, aranhas, cobras e até caranguejeiras. Isso não é aceitável, é desumano”, desabafou Marco Santana, referindo-se a unidades de operação onde faltam o mínimo de segurança e condições de trabalho.

O sindicato também chamou atenção para o aumento dos casos de adoecimento mental entre os funcionários. Segundo o presidente do Sindael, jornadas longas, acúmulo de funções e falta de pessoal têm levado ao esgotamento. “Tem trabalhador fazendo 12, 13, 14 horas seguidas. Isso vai além do corpo, mexe com a cabeça, com a vida da pessoa.”

Do outro, a escuta foi atenta. O diretor Fernando Guedes reconheceu a seriedade dos relatos e reforçou que a diretoria da Sanepar está comprometida em investigar e corrigir os problemas apresentados. “Precisamos saber o que está acontecendo de fato. Muitas vezes, a realidade do chão de fábrica não chega até nós. A contribuição do sindicato é essencial para isso”. E garantiu: “Nenhuma denúncia será motivo para retaliação. O trabalhador tem que se sentir seguro para falar.”

Outro ponto sensível levantado foi os ataques a atuação sindical em algumas unidades. De acordo com o Sindael, há unidades onde gestores estariam incentivando a entrega de cartas de oposição ao sindicato, inclusive com apoio de setores do RH, o que poderia indicar uma ação coordenada — e ilegal. “Não é sobre ser a favor ou contra o sindicato. É sobre garantir a liberdade do trabalhador escolher, sem pressão, sem manipulação”, explicou Marco.

Fernando Guedes foi direto: “Não compactuamos com isso. Se estiver acontecendo, é algo isolado e será investigado. A relação entre empregado e sindicato precisa ser livre e respeitosa”, e afirmou que a Sanepar não compactua com iniciativas isoladas que possam prejudicar a atuação sindical, “não há nenhuma orientação para que a empresa se posicione contra o sindicato. Nosso compromisso é de manter uma relação construtiva e de diálogo, sempre pautada no respeito e na legalidade”, afirmou Guedes.

A Sanepar solicitou ao Sindael um relatório detalhado apontando os locais mais críticos e se comprometeu a realizar vistorias e manutenções, além de adotar medidas preventivas para evitar que os problemas se repitam.

Apesar das críticas e da cobrança por melhorias, o clima da reunião foi marcado pela cordialidade e pelo compromisso mútuo. Fernando Guedes enfatizou que a Sanepar não compactua com qualquer iniciativa que desvalorize a atuação do sindicato e deixou claro que a relação entre empregado e sindicato é um processo democrático e independente, no qual a empresa não deve intervir.

Para Marco Antônio, a reunião foi um passo importante na construção de um canal direto e honesto com a alta direção da empresa. “Nosso papel é alertar. E quando há respeito mútuo, é possível avançar. O sindicato não é inimigo da empresa — ele é parceiro dos trabalhadores. E os trabalhadores são a alma da Sanepar.”

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